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Gordura Trans – todo cuidado é pouco!

Gordura Trans - todo cuidado é pouco!

A FDA (Food and Drugs Administration) agência que regula remédios e alimentos nos Estados Unidos – anunciou em 2013 que estudava proibir o uso da gordura vegetal hidrogenada no país. Que fique bem claro, por enquanto, é só uma intenção. A proposta da FDA vai ficar aberta para análise pública por 60 dias. Isso significa que, se a indústria de alimentos quiser evitar que a medida entre em vigor, terá dois meses para provar que a gordura trans é segura para o consumo. Impossível! O único nível seguro de gordura trans na dieta é zero.

Como a sua origem é vegetal, durante muito tempo a gordura hidrogenada foi tida como uma opção mais saudável à gordura saturada que, conforme se descobriu na década de 50, faz mal ao coração. Na década de 1990, contudo, várias pesquisas científicas demonstraram que a gordura trans não era tão boa quanto se pensava. Muito pelo contrário, ela aumenta o nível do colesterol ruim, abaixa o índice do bom colesterol (HDL) e entope as artérias do coração. A FDA acredita que a proibição do uso da gordura vegetal hidrogenada pode prevenir 20 mil ataques cardíacos e 7 mil mortes por ano nos Estados Unidos.

Criada para dar mais sabor, melhorar a consistência e aumentar o prazo de validade de muitos alimentos, a gordura trans pode ser encontrada em óleos usados para fritura, massas, biscoitos, bolos, sorvetes, margarina. A intenção da FDA é animadora, mas está longe de resolver o problema. Infelizmente, quase sempre, os interesses da indústria estão acima da saúde pública.

E aqui no Brasil?

Apesar da resolução que obriga os fabricantes de alimentos industrializados a declarar a quantidade de gordura trans em seus produtos, é preciso tomar muito cuidado na hora da compra. Uma maneira de comprovar a adição de gordura trans é a leitura atenta da lista de ingredientes do alimento. Se tiver gordura vegetal hidrogenada, ou gordura vegetal, certamente contém gordura trans. Desconfie também dos rótulos que declaram “0% de gordura trans”: “Não contém…”, “Livre de…”, “Zero % de…”, ou algo parecido. Pode ser só propaganda. É que se o produto contiver até 0,2g de gordura trans por porção, a Anvisa permite que a embalagem estampe o selo “livre de gordura trans”. O fabricante mais esperto, claro, divulga a tabela nutricional com o parâmetro de uma porção, para que o produto fique abaixo de 0,2g. Mesmo dentro da lei, acaba induzindo o consumidor a achar que todo o conteúdo da embalagem não tem gordura trans. Não existe um limite aceitável para o consumo diário de gordura trans, toda e qualquer quantidade deve ser considerada prejudicial à saúde.

O maior desafio das empresas para acabar de vez com a gordura vegetal hidrogenada é o custo. Para eliminar a gordura trans, elas precisam readequar a formulação de seus produtos, mantendo o mesmo desempenho na fabricação. E isso custa dinheiro. A Dinamarca foi o primeiro país do mundo a ter uma política de combate às gorduras trans. Uma das medidas deu o que falar e dividiu opiniões. Em 2011, foi criado um imposto que adicionava US$ 3 para cada quilo de gordura saturada, acima de 2,3%. A taxa aumentou o preço de vários produtos e motivou os dinamarqueses a buscarem alimentos mais baratos em outros países, o que enfraqueceu a economia local. Menos de um ano depois da implantação, a medida foi revogada.

Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde fechou um acordo com representantes da indústria alimentícia pra reduzir a quantidade de gordura vegetal hidrogenada dos alimentos. A iniciativa resultou na retirada, de forma voluntária, de cerca de 230 mil toneladas de gordura trans dos alimentos processados. Só que como que disse no início, não basta reduzir. É preciso acabar com a gordura trans de uma vez por todas. Se ela for removida de todos os alimentos processados, milhares de vidas serão salvas. Penso que a economia em vidas e dinheiro será bem maior do que os custos modestos para modificar os óleos.

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