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Alergia ao leite de vaca x intolerância à lactose

Alergia ao leite de vaca x intolerância à lactose

Muita confusão é feita quando falamos em alergia ao leite de vaca (ALV) e intolerância à lactose (IL), pois por se tratar de um tema não muito discutido, muitas vezes estes dois problemas distintos passam a ser tratados como sendo uma coisa só, o que faz com que algumas pessoas não saibam se são alérgicas ao leite ou intolerantes à lactose. Algumas vezes, pessoas portadoras de ALV e IL deixam de procurar ajuda profissional e simplesmente param de consumir leite e derivados.

A alergia, basicamente é uma reação exagerada do organismo, provocada pelas proteínas presentes no leite, principalmente a globulina, que é identificada pelo sistema imunológico como um agente agressor que precisa ser combatido. Pessoas com alergia ao leite de vaca apresentam sintomas que vão desde problemas relacionados ao trato gastrointestinal, como diarréia, desconforto abdominal, até sintomas cutâneos, como lesões na pele e coceira, sintomas respiratórios, como falta de ar e inflamação da mucosa intestinal. Enquanto a intolerância à lactose ocorre quando o organismo não produz ou passa a produz pouca enzima lactase, que é a enzima responsável pela digestão da lactose (açúcar do leite). Em consequência, a lactose se acumula no intestino, e na presença de água começa a fermentar, formando gases, provocando diarréia, distensão abdominal, cólicas e desconforto. Ao contrário da reação alérgica, a IL está somente relacionada ao trato gastrointestinal.

A alergia ao leite de vaca está presente em até 2% da população e está muito relacionada às crianças. Ela costuma ser pior nos primeiros anos de vida e seus sintomas costumam se tornar mais suaves com o passar dos anos. Muitas vezes a ALV é desencadeada em crianças menores de 6 meses que recebem leite de vaca em substituição ao leite materno, principalmente nos casos de filhos de pais que possuem alergia ao leite de vaca.

Ao contrário da ALV, a intolerância à lactose está mais relacionada a indivíduos adultos, sendo que 70% dos adultos possuem algum nível de intolerância à lactose. A IL pode ser genética e nestes casos, a pessoa já nasce sem produzir a enzima lactase. No entanto há situações em que a pessoa pode se tornar intolerante à lactose com o passar dos anos, seja devido a fatores secundários, como gastroenterites, doenças intestinais, doenças inflamatórias, ou naturalmente, pois as quantidades de lactase no organismo começa a diminuir gradualmente após os 5 anos de idade.

Por se tratarem de problemas distintos, como foi dito no início, é muito importante que essa diferenciação seja feita para que o paciente receba o tratamento adequado. Na maior parte dos casos, algumas mudanças devem ser feitas na rotina alimentar, pois os laticínios são os principais responsáveis pelo fornecimento de cálcio para o organismo, então visando não deixar o organismo deficiente de cálcio, o que pode acarretar perda óssea e outras complicações, é necessário que ambos, tanto o alérgico quanto o intolerante à lactose busquem outras fontes dessa substância na alimentação.

Nos casos de pacientes com IL, o componente que precisa ser excluído da alimentação é a lactose, o que tem se tornado mais fácil hoje em dia, pois alguns fabricantes de laticínios já oferecem versões de seus produtos com até 90% menos lactose, enquanto na ALV a restrição é mais rígida, pois a proteína responsável pela alergia deve ser excluída totalmente da alimentação, uma vez que até pequenas frações de leite presentes em alimentos “contaminados” podem desencadear o processo alérgico. Quando nos referimos a “alimentos contaminados”, estamos nos referindo a fontes escondidas de produtos lácteos, ou seja, tratam-se de alimentos que podem ter sido manuseados após o manuseio de leite ou alimentos que foram processados no mesmo local onde se processa alimentos contendo leite. Um exemplo deste tipo de contaminação cruzada, muito pouco notada, é o sistema de fatiamento de frios em padarias. Muitas vezes o presunto e similares são fatiados no mesmo aparelho utilizado para fatiar a muçarela. Deste modo, pessoas com grau elevado de ALV devem dar preferência a produtos embalados diretamente pelo fabricante. Outra precaução que deve ser tomada pelo portador de ALV é evitar o consumo de produtos que não apresentem um rótulo com seus ingredientes.

Por todas as diferenciações citadas acima, tanto de sintomas quanto de tratamentos, é que os pacientes que apresentam algum tipo de desconforto após a ingestão de produtos lácteos devem procurar saber a raíz do seu problema e consequentemente, seguir uma dieta adequada dentro dos limites do próprio organismo.
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