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Tríade da mulher atleta

Artigo: Dr. Felipe Pereira
@felipepereiracarlos

A tríade da mulher atleta é uma síndrome clínica que ocorre frequentemente em adolescentes e mulheres fisicamente ativas, especialmente nos esportes onde o peso corporal é mais valorizado, seja pela atividade em si ou por questões físicas e estéticas (corrida de longa distância, dança, ciclismo, patinação artística, entre outros).

A condição envolve três componentes: (1) baixa disponibilidade energética, com ou sem distúrbio alimentar associado; (2) disfunção menstrual; (3) baixa densidade mineral óssea. Esses três itens formam um espectro clínico interligado, onde a deficiência energética (nutricional) adequada compromete a síntese hormonal e óssea, desencadeando os outros dois itens da síndrome.

O ideal é que todas as praticantes e treinadores de uma modalidade esportiva tenham conhecimento da existência da tríade, no intuito de realizar medidas preventivas, além de procurar assistência médica precoce na ocorrência de eventuais anormalidades em estágio inicial, evitando, assim, o sério desfecho final desse cenário: deficiência energética severa com distúrbio alimentar importante (anorexia, bulimia), amenorréia (primária ou secundária) e osteoporose.

Dessa forma, todo e qualquer comportamento alimentar inadequado (desde uma restrição alimentar, passando pelo “empanturrar-purgar”até a anorexia nervosa e bulimia), alterações no ciclo menstrual e eventuais fraturas ou lesões de repetição podem ser indícios da síndrome da mulher atleta.

Um exemplo muito comum é a popular “canelite”, bastante frequente entre corredores, consistindo em uma inflamação do periósteo (membrana que reveste o osso), apontando para o risco iminente de uma fratura por estresse propriamente dita. O médico do Esporte deve ser bastante criterioso ao avaliar tal condição, não abordando de maneira isolada a lesão por sobrecarga, mas também avaliando possíveis agentes causais que compõem a síndrome da mulher atleta. Em muitos momentos, observamos atletas com elevada carga de treinamento, mas sem um subsídio nutricional, suplementar e recuperativo adequados, o que é um grande fator de risco.

No que se refere ao tratamento,este irá depender da extensão e do grau de acometimento do paciente, sendo a prevenção o melhor remédio. Muito cuidado com uma frase bem comum e equivocada:”isso é normal, sou atleta”. Tenha sempre uma equipe de saúde de confiança ao seu lado para poder usufruir dos benefícios da prática esportiva, bem como proporcionar uma vida útil longa dentro da modalidade escolhida.
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