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Hérnia do esporte: um diagnóstico a ser lembrado

Hérnia do esporte: um diagnóstico a ser lembrado

Quem trabalha diretamente com o manejo de lesões em esportistas, deve estar sempre atento a alguns diagnósticos não tão comentados na população em geral, mas muito mais frequentes nesse subgrupo populacional. Quando falamos em dor crônica na região inguinal (“virilha”), a hérnia do esporte deve sempre fazer parte das hipóteses, podendo acometer até 50% dos atletas com queixas álgicas nessa topografia.

A hérnia do esporte é definida como uma entidade clínica representada por dor crônica unilateral em região inguinal, que geralmente alivia com o repouso e se exacerba com o gesto esportivo. No entanto, não há a detecção de alterações estruturais características de uma hérnia propriamente dita. Em virtude dessa particularidade, alguns autores preferem inclusive adotar outros termos para caracterizá-la, entre eles: pubalgia do atleta e hockey groin (traduzindo, algo como virilha do jogador de hóquei).

Epidemiologicamente, o quadro é mais comum em indivíduos do sexo masculino e em praticantes de esportes com mudanças frequentes de direção, a exemplo do futebol, rugby e hóquei. No entanto, não é rara a presença em outros tipos de esportistas.

No quesito fisiopatológico, várias anormalidades já foram descritas. As primeiras descrições acreditam que o foco inicial do processo seja uma ruptura da aponeurose do músculo oblíquo externo, com posterior acometimento do nervo ilioinguinal. No entanto, o meu objetivo com esse texto não é discorrer detalhadamente sobre as particularidades anatômicas vinculadas a essa entidade.

Quanto ao diagnóstico, este é feito basicamente através de anamnese (entrevista) e exame físico. O paciente refere presença de dor inguinal, a qual pode surgir inclusive em atos rotineiros do dia-a-dia, como tossir ou espirrar, devido ao aumento da pressão intra-abdominal, e irradiar para região testicular (nos homens) e abdominal inferior. Ao exame, dois achados comuns são a dor na palpação do tubérculo púbico e frouxidão do anel inguinal externo.

Em geral, a solicitação de exames de imagem é feita, no intuito de rastrear alguma outra patologia sobreposta ao quadro e que pode ser a principal causa das queixas do paciente, para verificar a extensão e topografia exatas da lesão, bem como constatar a presença de uma hérnia inguinal característica, porventura não vista ao exame físico. Vale dizer aqui a importância da interpretação do estudo radiológico por um profissional com experiência neste tipo de diagnóstico, principalmente quando se fala em ultrassonografia, bem como do médico examinador ressaltar sua suspeita na solicitação. Alguns exemplos de diagnóstico diferencial da hérnia do esporte, os quais podem ser vistos nesta etapa, incluem: osteíte púbica, ruptura muscular, etc.

Quando falamos em tratamento, a maioria dos casos tem resolução positiva mediante intervenção cirúrgica (aberta ou laparoscópica, realizada pelo cirurgião geral), apesar do manejo conservador ser possível. É importante reforçar que em atletas ou esportistas comprometidos de maneira séria com sua atividade, deve-se sempre levar em conta a necessidade de retorno sem dores ou limitações que possam impedir a busca pelo desempenho máximo.

Nesse artigo quis abordar um diagnóstico que às vezes pode ser a causa daquela dor que vem sendo tratada há algum tempo como uma simples e típica lesão muscular, por exemplo, mas que não melhora por completo, e limita bastante seu rendimento. Procure um profissional com verdadeira capacitação no meio esportivo, seja ele um médico do esporte com adequada formação ou um ortopedista. Bons treinos a todos!
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