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Obesidade: conceitos e abordagem geral

Obesidade: conceitos e abordagem geral

Nos dias atuais, a obesidade é encarada mundialmente como um problema de Saúde Pública. Dentro desse contexto, caracterizar as alterações fisiopatológicas que contribuem para a sua gênese são de importância fundamental na elaboração de um plano terapêutico preciso. E acredito ser essa característica, a precisão, um dos principais itens que devemos buscar nos aproximar quando abordamos um paciente, independente da entidade que o acomete.

A lógica tradicional parece muito simples, desequilíbrio entre a ingestão alimentar e o gasto energético. No entanto, o assunto se torna um pouco mais extenso, quando entendemos que a variação da composição corporal é regulada por diversos fatores, entre eles: alterações ambientais, comportamentais, genéticas, neuroendócrinas e metabólicas.

Nas últimas décadas, com o avanço tecnológico e a crescente urbanização, as pessoas passaram a ocupar cargos profissionais cada vez mais sedentários e até mesmo as atividades de lazer mudaram seu padrão. Aliado a isso, existe a disponibilidade crescente de alimentos nutricionalmente inadequados, que geram um impacto metabólico desastroso ao organismo. E é justamente este aspecto que deve ser ajustado pelo nutricionista na maioria dos pacientes, a qualidade do macronutriente que está sendo ofertado.

Quando falamos no aspecto genético, a tendência à obesidade normalmente é poligênica (vários genes) e costuma ter um papel mais importante em quadros severos, de pacientes com forte história familiar. Sabe-se ainda que algumas patologias genéticas costumam expressar a obesidade como uma de suas características mais marcantes, como por exemplo a Síndrome de Prader-Willi, que cursa com hipogonadismo e deficiência de GH.

No que tange às alterações hormonais, as variações podem ser tanto causa como consequência do processo. O hipotireoidismo, por exemplo, pode se associar ao ganho de peso, por diminuição da atividade metabólica e retenção hídrica. Outras deficiências também podem contribuir, como ocorre no hipogonadismo e deficiência de hormônio do crescimento (GH). De outro lado, o excesso hormonal também pode levar ao aumento de peso, sendo um exemplo típico o hipercortisolismo, o qual tipicamente acarreta o depósito de gordura centrípeta, deixando os membros afinados em relação ao centro do corpo. Ainda nesse contexto, a investigação e o controle da resistência insulínica é um dos pilares fundamentais na abordagem ao paciente.

Dentro dos fatores causais, várias medicações predispõem ao ganho de peso, devido ao aumento do apetite ou redução da saciedade (exemplo: psicotrópicos), ou por efeito anabólico direto (exemplo: insulina). No entanto, como sempre ressalto, tudo é uma questão de risco-benefício, e sou contra a crucificação de certos medicamentos, pois a indicação pode ter sido precisa, mas isso é assunto para outro bate-papo.

Quanto ao tratamento, gostaria de ressaltar alguns itens:
– A prática regular de exercícios físicos, prescritos por um educador físico, é fundamental. Os benefícios são diversos, e vão desde a otimização do metabolismo, até efeitos positivos na cascata de liberação dos neurotransmissores.
– Uma alimentação adequada é parte irrestrita do processo, e suficiente para regular diversos parâmetros metabólicos. Existem inúmeras estratégias possíveis de serem abordadas por um bom nutricionista. O uso de alguns recursos de suplementação específica se torna interessante em muitos casos.
– Não deposite sua confiança de resultados satisfatórios no uso de fármacos. A nutrição e o exercício físico formam a base fundamental. Portanto, caso algum medicamento seja prescrito de maneira racional e precisa, o mesmo deve funcionar como adjuvante, e não protagonista principal. Infelizmente, este é um tema que tem sido frequentemente abordado de maneira oportunista em muitos meios.
– Não se prenda excessivamente ao peso corporal. Mudança da composição corporal é o mais importante, tanto para a sua saúde como para a estética. Para isso, jamais negligencie os benefícios do treinamento resistido com pesos (musculação).
– Ler exames, é diferente de interpretá-los, principalmente se você for praticante de algum esporte de alta intensidade. O que de imediato parece anormal, pode ser uma resposta adaptativa. Procure auxílio profissional especializado.
– Tenha confiança nos profissionais que lhe acompanham (nutricionista, treinador, médico, psicólogo, entre outros).
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