Publicado em 2 comentários

O atleta cansado

O atleta cansado

Artigo: Dr. Felipe Pereira

A queixa de cansaço é uma das mais comuns quando se aborda um atleta, seja ele amador ou profissional. Neste quesito, é importante diferenciar o normal ou saudável,daquele cansaço patológico, normalmente acompanhado de queda do desempenho.

O desafio do profissional de saúde é encontrar a causa base do problema, evitando atacá-lo apenas pelo ápice.Em muitos casos, um misto de fatores contribui para o estado atual do paciente.

O passo inicial consiste em obter informações a partir de uma história clínica detalhada, objetivando encontrar itens que comprometam o ciclo de estímulo, resposta e adaptação. A partir disso, interrelacionamos com os demais achados do exame físico e prováveis exames complementares, obtendo dados mais objetivos da repercussão orgânica daquele indivíduo.

As causas são diversas e podem incluir: periodização do treinamento, inadequada oferta de macronutrientes(carboidratos, proteínas e gorduras), carência de vitaminas e minerais, uso de medicações, jet lag, sono inadequado, fatores psicológicos, estresse, patologias de base não diagnosticadas ou bem ajustadas para a atividade (a asma é um exemplo clássico), concussão cerebral, distúrbios endócrino-metabólicos, entre outras. Tudo isso pode gerar impactos que culminam na queixa do paciente,levando em alguns casos à síndrome do overtraining. Um exemplo clássico, ao encontrar um valor de testosterona abaixo da média em um jovem frequentador de academia, com correlação clínica, o prudente é restaurar o potencial endógeno de produção desse indivíduo, intervindo nos fatores causadores, após afastar possíveis patologias.

Dessa forma, vemos o quão importante é a conversa entre os diversos profissionais de saúde que respondem pelo cuidado ao atleta, onde todos tenham uma linguagem em comum, que caminhe em prol de um objetivo único (equipe médica, nutricionista, educador físico ou treinador, fisiologista, fisioterapeuta, psicólogo). Em muitas situações, um sutil ajuste sinérgico entre o aporte nutricional e a periodização do treinamento é suficiente para melhora clínica. Em outros casos, a prescrição de medicamentos pode ser necessária.

Ainda dentro desse espectro, é importante esclarecer que, em alguns contextos da periodização, esse estado de fadiga pode ser algo detalhadamente programado pelo treinador (o chamado overreaching funcional), visando ganho de performance (super compensação dentro da linguagem do treinamento desportivo) após adequada recuperação.

Por fim, o importante é entender que cada organismo reage de uma forma diferente, e o acompanhamento longitudinal do paciente por uma equipe multiprofissional e transdisciplinar é sempre a melhor opção, visando longevidade dentro do esporte e prevenção de agravos à saúde, o que pode comprometer todo o planejamento da carreira de um atleta de elite.
[vc_facebook type=”button_count”][ratings]

2 comentários sobre “O atleta cansado

  1. Aqui é a Amanda da Silva, gostei muito do seu artigo tem
    muito conteúdo de valor, parabéns nota 10.

  2. Gostei do artigo, acabei achando esse site por acaso… Muito
    Legal!!!

Deixe um comentário